It’s oh so quiet

Haveria de acontecer, eventualmente. O homem disse a última coisa e, depois disso, nunca mais ninguém falou nada. Não havia o que falar. Tudo que é frase, indagação, contemplação, revolta ou aprazimento já havia sido expresso. O povo não tinha mais o que falar, porque já falaram tudo. Até o próprio medo de ficar sem … Continue lendo It’s oh so quiet

Madrugada

aquarela por @harumidono São quatro horas da manhã. Quatro horas dentro da madrugada, o horário do impossível, o intervalo uivante entre os dias de sol que refletem nas piscinas cloradas dos subúrbios americanos. E são quatro horas sem sono. Não hoje, não sono. Quatro horas se passaram, e não veio João Pestana fazer sua mágica … Continue lendo Madrugada

Rigor mortis

Ele me puxa pelo braço, e faz meu ombro esquerdo destroncar-se. Sua mão é quente, consigo sentir as digitais raspando sobre a superfície branca das minhas falanges. Eu lembro da primeira vez que fiz isso, o fantasma da alienação que me assombra mesmo agora. Meu olho esquerdo pulula, ameaça descolar da órbita, enquanto trocamos olhares … Continue lendo Rigor mortis